Hoje é o dia de denúncia contra o racismo, 13 de
maio foi escolhido pelo Movimento Negro Unificado após sua fundação em 1978. É mais um dia não
apenas para denunciar, porém mais um dia para lembrarmos que a sociedade no qual nós
negras e negros estamos inseridas/os é racista, vivemos numa segregação.
Falar de racismo é trazer para a discussão o próprio
termo. Existe uma confusão em nossa sociedade sobre o conceito de racismo e
quais os grupos/raças que mais sofrem com este tipo de violência, seja ela
física ou simbólica. Racismo é relação de poder, é a crença e exercício de que
existe um grupo/ raça superior a outro, historicamente sabe-se que a população
negra, assim como a indígena, foi escravizada, inferiorizada e explorada pela
sociedade mergulhada numa ideologia eurocêntrica, posso dizer uma ideologia etnocêntrica.
Neste sentido, historicamente a população negra sofre racismo no Brasil (e no
mundo) por uma prática que foi criada pelos brancos, brancos racistas.
O racismo
está presente nas relações sociais, econômicas, territoriais, políticas e
enfim...humanas (infelizmente), não quero dizer que o racismo é inato do ser
humano, mas esta ideologia foi construída por seres humanos e ainda hoje é
reproduzida pelos mesmos. Basta olhar para a história, a população negra não
conhece o nosso passado, a nossa ancestralidade, somos violentados na escola,
na universidade, na mídia e em outros espaços, o afrocídio tem presença
marcante em nossas vidas. Quantas mulheres negras aprendem a amar seus cabelos
desde cedo? Quantos mulheres e homens negros aprendem a amar a cor de sua pele?
Os nossos traços? A nossa cultura? A nossa história? Mas afinal, que história?
A luta contra o racismo é também uma luta contra o
genocídio, nossas/os pretas/os estão sendo mortas/os todos os dias, as crianças
negras detestam seus cabelos, seus traços. Outro dia uma criança de 10 anos foi
morta pela polícia no Morro do Alemão - RJ, em fevereiro de 2015 13 jovens
foram mortos pela polícia em Salvador, ontem mataram uma mulher em Periperi/
Salvador – BA... e assim caminha a sociedade racista, onde 83 jovens negros são
mortos por dia (Anistia Internacional). Não me diga que é complexo, não me diga
que é vitimização, não me diga que é loucura, ah e não me diga que existe
racismo reverso.
Todos os dias devemos denunciar o racismo, o racismo que materializa-se por meio do discurso, dos olhares, das práticas, do silêncio, das risadas, do
humor, da ciência, da religião, da família, do Estado e das relações. Não
devemos permitir que ignorem a nossa presença na sociedade. Somos povo negro de
história, com história que precisa ser lembrada e afirmada continuamente. Na luta contra o racismo, Nós por Nós sempre!!!
Por:
Tairine Cristina Santana de Souza - Irmandade Sankofa
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